27 de agosto de 2018

Wrap Up Semanal

Brasil

Eleições e cenário externo deixam mercados instáveis

Já é esperado que a volatilidade dos mercados em ano de eleições seja mais elevada do que o normal, e desta vez, o potencial de instabilidade é alto. O dólar já acumula alta de 23,5% no ano, bem mais alto do que quando comparado com o mesmo período em 2014, ano de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff.

Esta desvalorização cambial só não é mais elevada quando comparada com o mesmo período de 2002, ano em que as incertezas fizeram o dólar subir 53% em relação ao real.

A grande diferença do Brasil de 2018 em relação a 2002, é o nível da vulnerabilidade externa, muito maior há 16 anos. Naquela época, o Brasil tinha dívida indexada ao dólar, possuía o dobro de déficit em conta corrente, e tinha apenas um décimo das reservas cambiais atuais. 

Porém, quando se leva em conta os dados da divida interna, o cenário é assustador, uma vez que todos os indicadores atualmente são piores do que em 2002, em especial o déficit primário, que alcançou 1,3% do PIB este ano, contra 3,2% de superávit em 2002.

Ainda que alto o montante de capital estrangeiro em ações brasileiras, upside de compra é reduzido

O montante de capital estrangeiro aplicado em ações brasileiras negociadas na B3 é uma dos mais altos já visto no mercado brasileiro: R$ 12,86 bilhões. Estes recursos são frutos de apostas na alta do Ibovespa Futuro (R$ 16,34 bi) e de vendas modestas no mercado a vista (R$ 3,47 bi).

Porém, embora o alto nível de investimentos em ações brasileiras, os estrangeiros não esboçam um interesse por novas aquisições, de modo a não suprirem as ofertas lançadas pelos investidores institucionais, que vem atuando pesado nas últimas semanas.

Em um levantamento feito pelo Capital Markets, para deixar mais claro que os investidores institucionais e os estrangeiros não são contrapartes imediatas, nos últimos 21 dias, enquanto os institucionais venderam R$ 3,17 bilhões, os estrangeiros compraram apenas R$ 1,11 bilhão.

Juros futuros terminam semana em forte alta

A semana foi configurada com um forte movimento de alta dos juros futuros, apesar de leve alívio na última sexta (24). O contrato com vencimento em janeiro/2020 teve aumento de 0,33 pontos percentuais na semana. Os mesmo de 2021 teve alta de 0,44 ponto e o de 2028 ficou 0,4 ponto maior.

Para termos uma ideia da relevância dessas movimentos, uma variação deste tipo não é vista nem quando o Banco Central altera a taxa básica de juros, onde a maior alta já vista foi de 0,25 ponto percentual. 

Internacional

Volume de comércio global cai em julho

Devido as tensões comerciais entre EUA e China, o volume  de produtos comercializado ao redor do globo teve um queda no mês de julho. O número sofreu uma baixa de cerca de 0,8%, em oposição a maio, que havia tido uma expansão de 0,7%.

As ameaças constantes de aumento de tarifas entre os países, vindas principalmente dos EUA devido a política protecionista de Trump, levaram à uma queda nas trocas entre os países afetados com as retaliações.  As exportações americanas tiveram uma queda de 1,4% em julho, porém, no semestre tiveram um resultado positivo, um aumento de 3%. Já as importações da Ásia, representada majoritariamente pela China, caíram 3,8% em julho, ao passo de que as exportações se mantiveram no mesmo nível anterior.

Nessa última semana, os EUA colocaram em prática a rodada de tarifas de 25%, já previamente anunciada, sobre um volume de US$ 16 bilhões em importações chinesas. Este volume representa uma lista de 279 categorias de produtos, entre eles semicondutores, plásticos, produtos químicos, entre outros. A China retaliou a ação aplicando tarifas ao mesmo volume de importações americanas, em uma lista de 333 categorias, incluindo carvão, combustível, produtos siderúrgicos, equipamentos médicos, entre outros.

Otimismo do presidente americano na revisão do pacto do NAFTA

Donald Trump, presidente dos EUA, demonstrou otimismo em uma declaração feita esta semana a respeito do NAFTA, Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que está em vigência desde 1994. O acordo vem sendo revisado há um ano à comando do presidente, que considera o pacto nocivo aos EUA, tendo até cogitado deixa-lo. Ele acredita que o NAFTA tende a beneficiar os trabalhadores e a manufatura mexicana mais do que estes aspectos de seu país.

Com as eleições no México, os três países membros do acordo deram uma pausa em suas negociações, podendo só agora voltar a discutir as questões levantadas por Trump. O principal tema que vem sendo debatido entre os países diz respeito a imposição de tarifas sobre os automóveis produzidos no exteriores porém comercializados em solo americano, o que influenciaria diretamente o México.

Principais índices financeiros

Bolsa

A trégua nos receios com as eleições e com o cenário externo garantiram ao Ibovespa alta de 0,83% na sexta (24), fechando em 76.262 pontos. Na semana, marcada por uma grande volatilidade, o Ibovespa acumulou 0,31% de alta em 5 pregões.

Este panorama afetou algumas ações, mesmo em disfunção com o cenário fundamentalista. Temos na última sexta, Vale ON (+1,50%), JBS (+2,93%), Bradespar (+2,89%), Petrobrás ON (+0,57%) e Petrobrás PN (+1,95%).

Dólar

Esta semana o dólar teve o maior avanço desde 2016, depois de sete altas consecutivas da divisa, a última sexta foi encerrada com uma leve baixa. Isso não quer dizer que está ocorrendo uma recuperação da moeda brasileira, porém uma pausa antes dos próximos desdobramentos da corrida eleitoral.

A moeda americana terminou a sexta feira com queda de 0,42%, aos R$4,1047. Contudo, na semana o resultado foi de alta de 4,86%, a maior desde 2016.

Grande parte desse evento no mercado brasileiro se decorreu a partir da pesquisa eleitoral do Datafolha e Ibope, que trouxeram grande apoio ao PT, contra grande queda nas intenções de voto para Geraldo Alckimin (PSDB).

 

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