2 de março de 2020

Wrap Up Semanal

Brasil

Impacto do coronavírus pode vir a afetar mais a economia do que instabilidade política

Nessa última semana, foi confirmado o primeiro caso de coronavírus no Brasil. Parada durante o carnaval, a bolsa de valores sofreu um impacto considerável em sua abertura na quarta-feira. Conforme as previsões econômicas revisadas da semana passada para o crescimento brasileiro em 2020, cada vez mais os indicadores apontam para uma maior desaceleração.

Algumas projeções atuais já apresentam um crescimento menor do que 2% para o PIB brasileiro em 2020. As casas que haviam corrigido as previsões para baixo neste último mês, atualmente indicam novas revisões negativas.

O coronavírus pode vir a afetar principalmente as exportações e os preços de commodities, e também a produção industrial. O quadro de maior risco para o crescimento brasileiro antes tinha foco nas possíveis crises políticas, mas recentemente os impactos do vírus têm se agravado tanto internamente, quanto externamente. O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, e a equipe econômica de Paulo Guedes afirmam que os impactos já estão se mostrando, inclusive no agravamento da crise internacional.

Ainda assim, Mansueto Almeida afirmou não apresentar preocupação com o andamento das reformas brasileiras esperadas para esse ano devido ao vírus, separando uma pauta da outra.

Primeiro mês do ano apresenta aumento do superávit primário do governo

Janeiro apresentou um aumento no superávit primário em relação ao mesmo mês do ano anterior, um crescimento para R$ 56,276 bilhões. No ano anterior, o valor foi de R$ 46,897 bilhões.

O resultado do mês engloba uma frente de superávit do governo de R$ 45,469 bilhões, e um superávit de R$ 11,177 bilhões dos Estados, Municípios e as estatais. Na parte de estatais, o déficit ficou em R$ 370 milhões.

A meta para 2020 para o déficit do setor público consolidado é de R$ 118,9 bilhões.

Mesmo com a melhoria, a perspectiva ainda para o consolidado de 2020, é de que a dívida bruta deverá subir, para 77,9% do PIB do ano. Ainda segundo tal projeção do Tesouro Nacional, seria dado um maior aumento se a conta considerasse também a venda das reservas internacionais do Banco Central, e os pagamentos extras do BNDES.

O coordenador-geral de operações da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves, afirmou que ainda não se vê um claro caminho de queda dessa dívida.

A mesma projeção do Tesouro considera para cálculos uma Selic baixa, em 4,25% até o final de 2020, e de 6,5% ao longo de 2022. O IPCA considerado é de 3,5%.

Bolsonaro adia saída das Forças Armadas no Ceará, governador esperava ajuda

Ocorreu essa semana, um encontro entre o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Defesa e o da Justiça para decidir a respeito da situação política no Ceará. O estado está passando por uma greve policial, e sofreu uma intervenção do presidente com a entrada das forças armadas, segundo o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

A situação no estado vem se agravando, principalmente com a morte do ex-governador local, Cid Gomes, que foi baleado na tentativa de impedir um protesto.

Nesta sexta-feira, Bolsonaro anunciou que postergaria a GLO imposta no Ceará, que terá a presença das Forças Armadas por no mínimo mais oito dias.

No anúncio do presidente, ele demonstrou que a ação não deve permanecer por muito mais tempo. De início, Bolsonaro afirmou que não prolongaria mais a estadia, mas acabou por ser convencido depois de reuniões com auxiliares do governo.

Além disso, o presidente tem um particular embate com o governador do estado, Camilo Santana, do PT. O governador não conseguiu conter a greve e solicitou ajuda intervencionista.

Internacional

Lacalle Pou assume como presidente do Uruguai

A aliança multicor, vence a esquerda no Uruguai. Lacalle Pou, representante de centro-esquerda uruguaio venceu Daniel Martínez nas eleições. Mesmo tendo terminado o primeiro turno atrás, em cerca de 10%, de Martínez, Pou virou a expectativa de votos e venceu as eleições. A vitória quebra a hegemonia da esquerda no país, que comandava o Uruguai há 15 anos.

A vitória pode ser muito relacionada à uma coalisão partidária de Pou. A aliança multicor é a união de forças entre o Partido Nacional, do presidente, o Partido Colorado e o Cabildo Alberto. A troca no poder muda a agenda de atividades do Uruguai. Lacalle Pou disse que irá priorizar o pragmatismo e tem preocupações quanto às tensões recentes no Mercosul; principalmente em relação ao choque ente Bolsonaro e Fernández.

França busca realizar Reforma da Previdência, mas oposição reage

O primeiro ministro francês, Édouard Philippe, recorreu a um instrumento que anula a decisão democrática para realizar a reforma da previdência. O instrumento em questão é o artigo 49.3, que permite a aprovação de um projeto de lei sem submeter o mesmo à Assembléia Nacional. Isto porque Macron quer evitar a discussão com os mais conservadores, que julgam a reforma francesa como um fracasso total.

A oposição julgou a medida utilizada por Philippe com antidemocrática. Além disso, uma moção de censura à Macron está sendo avaliada. A moção foi lançada de forma independente após o anúncio do primeiro ministro.

Principais índices financeiros


Bolsa

Com a semana mais curta por causa do feriado do Carnaval no Brasil, o Ibovespa abriu pela primeira vez na quarta-feira (26) às 13 horas já registrando quedas. Todas as outras bolsas de valores ao redor do mundo já vinham registrando perdas desde a segunda-feira em função da forte aversão ao risco com a propagação global do coronavírus, que teve início na China alguns dias atrás.

No acumulado dos três pregões da semana, o principal índice da bolsa brasileira registrou queda de 8,37% e fechou a sexta-feira aos 104.171,57 pontos. Foi a maior queda semanal desde 2011, durante a crise das dívidas de países europeus. Analistas apontam que o principal motivo para tamanha volatilidade ao redor do mundo é a imprevisibilidade em relação aos impactos econômicos que podem ser causados pelo Covid-19.

Dólar

A semana foi marcada por recordes na cotação do dólar comercial contra o real. A moeda americana encerrou a sexta-feira cotada a R$ 4,50, que representou alta de 2,01% no acumulado da semana. Quando comparado com moedas de outros países emergentes, o real foi uma das moedas menos afetadas, uma vez que o peso mexicano, rublo russo e o rand sul-africano registraram alta de mais de 4% na cotação da moeda americana.

O Banco Central interviu em todos os três pregões da semana a fim de suavizar a alta do dólar aqui no Brasil, realizando a venda de dólares no mercado futuro. A intenção da autoridade monetária não é controlar o câmbio e sim, apenas suavizar as altas que ocorrem por sustos de mercado. O Banco Central é claro quando diz que o câmbio é flutuante.

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