9 de janeiro de 2020

Como construir um portfólio de ações

Por: Vitor Brilhante
Tempo de leitura: 7 minutos

O que fazer com sua galinha dos ovos de ouro?

Investir pode ser simples, mas não fácil. Aplicar seu dinheiro em produtos financeiros pode ser feito em cerca de dois cliques em 2019, porém isso não é sinônimo de que você está investindo. Nos jargões da economia, investir é utilizar capital visando a captação de lucros. Esta é a complexidade de investir: construir patrimônio de maneira inteligente. Buscando acelerar esse processo, existem diversas métricas, ferramentas, inclusive promessas para dobrar sua renda com uma únca estratégia. Porém, o pilar principal de se obter excelência e fazer o dinheiro render com investimentos no mercado financeiro é a diversificação das aplicações.

Distribuindo um ovo em cada cesta

Por isso, criar um portfólio de investimentos é fundamental para o patrimônio. Markowitz, em 1957, desenvolveu a teoria dos portfólios como forma de instruir e demonstrar a necessidade da construção de uma carteira. Para que ela obtenha máxima eficiência, é necessário que cada produto que componha a carteira seja direcionado para uma área da economia. Isto é, a carteira precisa ter uma baixa correlação.

A correlação é uma forma de avaliar o quanto os componentes de uma carteira impactam no mesmo setor. Por exemplo, ativos como Letras de Créditos Imobiliários (LCIs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) estão muito correlacionados, visto que ambos impactam diretamente sobre o mercado imobiliário. Em outra mão, LCIs e ações da Apple (AAPL34) possuem uma grande distância no mercado em que investem; microeconomicamente, esses ativos possuem uma baixa correlação.

Portanto, construir uma carteira com baixa correlação é diminuir o risco. O propósito de Markowitz ao apresentar sua teoria é buscar encontrar o ponto de menor impacto na performance, caso os mercados sofram algum choque. Dessa forma, a carteira se sustenta, balanceando as perdas e assegurando o risco.

Entendendo seu perfil de investidor

Somado a isso, entender questões pessoais também pode ser fundamental para diversificar os investimentos. Muitos acreditam que o perfil de investidor se limita às opções entre conservador e arrojado, porém, para entender o quão disposto a tomar e receber risco é uma pessoa, é necessário estar muito mais aprofundado em sua vida pessoal. O perfil de investidor apenas apresenta a inclinação pessoal a receber risco baseado em seu conhecimento sobre o mercado.

Contudo, a capacidade para receber risco depende da segurança financeira do investidor. São questões que envolvem informações como o número de filhos, idade, profissão, patrimônio global, entre outros. Isso permite dar razão a capacidade que o aplicador financeiro tem de suportar pressões e possíveis quedas no seu patrimônio. Um homem que está desempregado e possui duas filhas pequenas, por exemplo, possui muito menos capacidade de receber risco do que uma mulher que ocupa o cargo de diretora de uma empresa e não possui filhas. Apesar do homem possuir muita inclinação e disposição para investir na bolsa, seria mais recomendável que ele procure priorizar ativos de renda fixa em sua carteira, visto que ele precisa assegurar a estabilidade de dois dependentes, além de já não possuir mais uma fonte concreta e regular de renda. Neste casso o portfólio deve sustentar a renda dele de acordo com suas limitações.

Está é a função da diversificação da carteira de investimentos: suportar o risco do investidor frente a suas necessidades. Markowitz apresenta em sua teoria o ponto perfeito do portfólio, neste ponto o perfil está corretamente alinhado com os ativos da carteira. Com este alinhamento é possível chegar próximo do risco nulo nas aplicações, fazendo com que os ativos estejam apenas passíveis aos riscos do mercado. Dessa forma, o risco envolvido na proximidade dos ativos, nas necessidades básicas,

inclusive o risco sobre o mercado relacionado à profissão em que o investidor atua são minimizados e o patrimônio é preservado.

Fazendo os ovos chocarem

A melhor forma de compreender a necessidade da criação de uma carteira de investimentos é ampliar a visão do que realmente é investir. Existem diversas oportunidades que prometem potencializar a renda em poucos meses, apresentam a trading diária de ações como a melhor forma de ficar rico ou sugerem apostar apenas no possível estouro da bolsa de ações. Nenhuma dessas propostas é totalmente falsa; apesar de estarem embasadas em diversas justificativas, não são estratégias responsáveis.

Assim como grande parte das coisas na vida, é necessário encontrar o equilíbrio no mercado financeiro. Aristóteles, Montesquieu, todos grandes pensadores apresentam que para a perfeição existe um balanço, seja política, sociedade ou vida financeira.

Portanto, construir um patrimônio não é um processo rápido. Para que a renda se potencialize com responsabilidade, todo um esquema de pesos e contrapesos deve ser desenvolvido, aproveitando as oportunidades mais arriscadas do mercado com a segurança de investimentos mais conservadores, além do alinhamento com o perfil do investidor. Isso faz com que um patrimônio financeiro seja criado a longo prazo. Desta forma se deve investir