23 de fevereiro de 2018

Fitch rebaixa nota do Brasil

 

Hoje tivemos veiculada na mídia a notícia de outro rebaixamento da nota de crédito do Brasil, desta vez pela agência Fitch Ratings. A ação sucede em pouco mais de um mês o rebaixamento anterior realizado pela agência S&P em 11/janeiro, e tal como esta, já era amplamente esperada pelo mercado. A própria nota carregava uma perspectiva denominada ‘negativa’ (alterada hoje para ‘estável’), um qualificante que indica a percepção das agências a respeito da situação econômico-financeira dos entes analisados e serve como alinhamento de expectativas para suas próximas decisões.

Quanto aos motivos enunciados para tal ação, nenhuma novidade, outra semelhança para com o caso da S&P. As dificuldades de um governo frequentemente atingido por investigações criminais, e que luta para manter sua base de apoio, em aprovar uma reforma de impactos profundos e de elevado custo político em pleno ano eleitoral já eram sabidas há algum tempo.

Em que pese a repercussão negativa que uma ação dessas possa gerar, agravada pela cobertura por vezes repetitiva por parte de veículos de comunicação, seu impacto nos mercados foi extremamente limitado, senão nulo. Desde 11/jan, data do último rebaixamento, a perspectiva econômica para a continuidade do ciclo de valorização dos ativos brasileiros manteve-se firme. É digno de nota que a evolução de alguns indicadores importantes de mercado, aliás, parece indicar o contrário de um cenário em deterioração.

A bolsa brasileira continua a traçar novas máximas históricas, após alguns anos difíceis de atividade econômica; o risco de se emprestar ao governo brasileiro, representado pelo juro real oferecido em títulos públicos, também segue trajetória de queda; e o real, mesmo que de forma ainda contida se comparado a outras moedas emergentes, também segue recuperando algum valor frente ao dólar.

Certamente, a reforma do sistema previdenciário no Brasil é determinante para a futura sustentabilidade da dívida pública. No entanto, não devemos ceder à comodidade de enxergar a aprovação de medidas neste sentido em 2018 como uma definição binária entre sucesso-fracasso da recuperação econômica brasileira. Fazemos parte de um mundo, um todo interligado, no qual dinâmicas mais amplas e poderosas atuam na formação de preços e rumo das variáveis que impactam nosso país e finanças.

 

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