4 de novembro de 2019

Wrap Up Semanal

Brasil

Taxa Selic cai de 5,5% para 5%

Na última quarta-feira, o COPOM (Comitê de Política Monetária) decidiu pelo terceiro corte consecutivo da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. A Selic passa para 5% e atinge sua mínima histórica.

A decisão na 226º reunião foi unânime e os motivos que levaram ao corte foram os indicadores econômicos, que mostraram um sinal de recuperação da economia de forma ainda gradual. Segundo o COPOM, o cenário externo de desaceleração econômica e inflações abaixo da meta possibilitam o avanço de países emergentes, mas um alerta sobre uma possível recessão global não deve ser descartado.

De acordo com a pesquisa Focus, as projeções para a inflação nos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022 variam entre 3,5% a 3,75% e para a Selic é esperado o encerramento de 2019 em 4,5%, com uma retomada em 2021 para 6,38%.

Apesar dos fatores de risco, o Comitê decidiu pelo corte ao enxergar uma convergência da inflação para chegar na sua meta e estimular políticas monetárias de crescimento econômico, mas deixa um alerta sobre o avanço das reformas, que se tornam essenciais para uma recuperação saudável da economia brasileira. Caso não sejam cumpridas, podem afetar as expectativas e as projeções futuras para ambas a inflação e a taxa básica de juros.

Após a reforma da previdência, Maia afirma que a tributária será responsável por destravar a economia

Na semana seguinte em que a Reforma Previdenciária brasileira passou no congresso, o presidente da Câmara Rodrigo Maia afirmou que acredita no destravamento da economia apenas após a reforma tributária.

Maia afirmou também que o texto da reforma será finalizado até o dia 10 de novembro, para depois passar pelas duas votações, assim como ocorrido com a previdenciária.

O projeto da reforma, que ganha cada vez mais importância, ainda está no processo de construção e apresentou alguns conflitos relacionados a setores específicos da economia e a uma possível desigualdade que seria criada.

A aposta do projeto é na simplificação tributária, e uma das questões centrais é a criação do IBS. Esse imposto residiria sobre bens e serviços, indistintamente, reunindo os existentes atuais: PIS, COFINS, IPI, ICMS e o ISS.

Rodrigo Maia ainda comentou que a tributação brasileira afeta mais a classe baixa do que a elite, e que assim como a elite apoiou a reforma da previdência, dado que seria pouco afetada pela mesma, ela deverá apoiar também a tributária.

Novo pacote tem previsão de cortar 10% de todos os incentivos fiscais

O pacote do governo a ser entregue ao Congresso Nacional após a aprovação da reforma previdenciária tem como uma das principais questões, e de alteração imediata, o corte de 10% em qualquer incentivo tributário atual.

Hoje em dia, a soma de desonerações fiscais fica próxima a R$ 307 bilhões, considerando o território nacional inteiro. O corte proposto apenas não afetaria os incentivos regionais do Norte e Nordeste, e da Zona Franca de Manaus. O valor total dessa folga que viria de imediato, seria aproximadamente R$ 27 bilhões.

Serão feitas ainda mudanças ao longo do tempo dos próximos 4 anos nesses incentivos, tudo a partir de uma avaliação do Congresso Nacional, que ficará com a decisão de quais tributações devem ou não serem continuadas.

Tal medida faz parte do plano do governo para o Brasil nos próximos anos, que inclui também a PEC Mais Brasil, a PEC da Emergência Fiscal, a PEC dos Fundos e duas concretas reformas administrativa e tributária.

Internacional

OMC permite tarifa chinesa a produtos americanos

A organização Mundial do Comércio (OMC) permitiu que a China tributasse produtos de importação americana. A medida é uma forma de combater o dumping, que é o ato de vender produtos abaixo do valor de mercado; a situação é paralela à sanção aplicada por Washington em 2013.

A decisão permite uma tributação alfandegária da China sobre os produtos oriundos dos Estados Unidos. No ano, o valor de tributos aprovados pela OMC alcança a casa dos US$3,6 bilhões; este valor pode ser aplicado parcialmente ou não. Dando sequência à guerra comercial entre as potências, a medida pode ser vista como mais um posicionamento de Xi Jiping contra as medidas de Trump, que ainda não avançaram.

 

Arábia Saudita investe mais em Índia que Brasil

Após conversas com os representantes de Brasil e Índia, o ministério da economia da Arábia Saudita revelou sua aposta para investimentos nos BRICs. O país irá investir cerca de US$10 bilhões no território brasileiro e US$100 bilhões na Índia, um montante cerca de 10 vezes maior que o aplicado no Brasil. Apesar de ser um investimento relevante, o anúncio demonstra a baixa influência e atratividade do Brasil para o exterior no momento.

A Arábia Saudita vê o país de Bolsonaro como um investimento futuro. Atualmente, as relações entre os países do Oriente Médio são mais estreitas. Além de uma população maior que a brasileira, a Índia fornece cerca de 22% de sua força de trabalho para o comércio internacional; somado a isto, o investimento do país em tecnologia também é maior. Do lado brasileiro, o interesse é mais focado na capacidade de produção de alimentos, visto que a Arábia Saudita importa cerca de 82% dos produtos deste setor.

Principais índices financeiros


Bolsa

A semana foi de ganhos para o Ibovespa, que fechou a sexta-feira aos 108.195,63 pontos, acumulando uma alta semanal de 0,77%. O corte de 50 bps na taxa Selic pelo COPOM na quarta-feira e a sinalização de melhora das negociações entre Estados Unidos e China, contribuíram para os números positivos na semana.

Entre as principais altas está a Magazine Luiza (MGLU3), que divulgou seu balanço financeiro do terceiro semestre com números positivos, tais como o crescimento de 300% do marketplace, e de 96% do e-commerce no semestre. Além disso, a companhia também anunciou uma nova oferta de ações primárias e secundárias que pode chegar a R$ 5,2 bilhões. O capital será utilizado para investimentos em geral pensados para o longo prazo, assim como otimização da estrutura de capital.

Por outro lado, entre as maiores baixas está o banco Bradesco (BBDC4), que também divulgou os números financeiros do semestre, porém, os dados vieram abaixo das expectativas do mercado. Apesar de ter registrado um lucro líquido em linha com o esperado, outras variáveis fizeram com que o papel viesse a se desvalorizar na semana, tais como o aumento da inadimplência de seus clientes e despesas acima do previsto por analistas. O banco também anunciou que irá fechar 10% de suas agências até o final do ano que vem. A decisão é uma medida de contenção de despesas e também de adaptação a nova realidade do mercado de serviços financeiros no Brasil depois da chegada das Fintechs.

Dólar

O dólar teve mais uma semana de baixa nas cotações e encerrou a sexta feira em R$ 3,99, 0,36% abaixo da cotação da semana anterior. O resultado é reflexo dos cortes nas taxas de juros aqui no Brasil e nos EUA, que faz com que investidores busquem maiores riscos em prol de rentabilidade nos países emergentes.

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